A doença meningocócica é uma das infecções mais temidas no mundo. É caracterizada por início agudo e rápida progressão, com complicações e sequelas, e elevada taxa de letalidade, mesmo com cuidados médicos adequados. Ocorre de modo endêmico em todos os países do mundo e seu grande potencial de causar epidemias é de conhecimento de todos os profissionais da área da saúde e da população leiga.
É causada por uma bactéria chamada Neisseria meningitidis, um tipo de bactéria diplococo gram-negativo que habita o trato respiratório superior sem causar sintomas da doença. A bactéria pode ser transmitida de pessoa para pessoa através de gotículas respiratórias (tosse e espirro) ou por saliva (compartilhamento de copos e talheres ou em um beijo). Cinco sorogrupos podem infectar humanos: A, B, C, X, Y, e W135, e são causadores de mais de 95% das infecções invasivas no homem. Em média 1% das pessoas que albergam o meningococo na nasofaringe podem desenvolver a doença, o meningococo adere às células mucosas da nasofaringe e se prolifera, a bactéria consegue invadir as células da mucosa, atingir a corrente sanguínea e causar doença em diferentes órgãos.
As formas clínicas mais graves são a meningite e a meningococcemia (forma septicêmica), ou ambas. A meningite é a forma clínica mais comum e caracteriza-se com início súbito de febre, vômitos, dor de cabeça, rigidez de nuca e convulsão.
GRUPO DE RISCO
Os fatores de risco citados, têm associação com maior susceptibilidade à doença meningocócica:
- asplenia anatômica ou funcional;
- fatores de risco genéticos;
- ausência de anticorpos bactericidas para o sorogrupo adquirido;
- idade do paciente (em ordem crescente de frequência): menores de 1 ano, de 2 a 5 anos e de 15 a 24 anos;
- história de nascimento prematuro;
- contato com o indivíduo doente ou portador;
- condições de vida em aglomerados ou contato estreito: residências de pessoas em condições socioeconômicas menos privilegiadas, quartéis, alojamentos estudantis, bares e boates, etc.;
- beijos íntimos com múltiplos parceiros;
- fumantes ativos ou passivos;
- consumo excessivo de álcool;
- infecção respiratória viral recente (especialmente influenza);
- portadores do vírus HIV;
- microbiológicos que trabalham com a meningitidis;
- viajantes para áreas epidêmicas (países do “cinturão da meningite”).
PREVENÇÃO
Hoje no Brasil, estão licenciadas as vacinas meningocócicas C monovalentes conjugadas (MenC), meningocócica B conjugada (MenB) e as vacinas meningocócicas ACWY conjugadas (MenACWY).
Os sorogrupos de maior incidência no Brasil são os tipos C e B, com crescimento de W, principalmente na região sul, próxima aos países do conesul, onde a incidência de W é muito maior.
ESQUEMA
- Meningocócica C
A vacina é administrada aos 3 meses, 5 meses e o reforço entre os 12 e 15 meses. Podendo este reforço ser feito com a MenACWY em substituição a C (preferencialmente). Após 5 anos do reforço, tanto com MenC ou MenACWY, uma nova dose deve ser administrada, devido a rápida queda nos níveis de anticorpos protetores após este período.
- Meningocócica ACWY
A vacina MenACWY está licenciada no Brasil para crianças a partir de 1 ano de idade. É administrada entre os 12 e 15m e após cinco anos entre os 5 e 6 anos, e aos 11 anos, devido a redução no nível de anticorpos protetores que ocorre 5 anos após a última vacinação, colocando em risco a imunidade da criança. O adulto recebe apenas uma dose da MenACWY.
- Meningocócica B
A vacina meningocócica B está licenciada para uso entre 2 meses e 50 anos de idade. O esquema varia conforme a idade.
Início do esquema entre 2 e 5 meses de idade: 3 doses com intervalo de 2 meses entre elas, seguidas de reforço entre 12 e 23 meses de idade.
Início do esquema entre 6 e 11 meses de idade: duas doses com intervalo de 2 meses entre elas, seguidas de reforço (com intervalo mínimo de 2 meses após a segunda dose) após os 12 meses de idade.
Início entre 12 meses e 10 anos de idade: duas doses com intervalo de 2 meses entre elas.
Adolescentes (a partir dos 11 anos de idade) e adultos: duas doses com intervalo de 1 mês entre elas.
