A hepatite B é um dos grandes problemas atuais da saúde pública mundial. Estima-se que 780 mil pessoas morrem a cada ano devido às consequências agudas ou crônicas dessa doença, principalmente por cirrose e hepatocarcinoma. Esta doença pode ser agravada por fatores como álcool e coinfecção com outros vírus.
O vírus da hepatite B pode ser detectado em todos os fluidos do corpo humano. A concentração de vírus é mais elevada no sangue e é relativamente baixa na saliva, no sêmen, e no fluído vaginal. Por isso, o vírus da hepatite B pode ser transmitido pelo contato da pele ou das mucosas com fluidos corpóreos, sangue ou derivados contendo o vírus. O VHB pode sobreviver fora do corpo humano por pelo menos sete dias e, durante esse período, pode infectar outros indivíduos. No entanto, não é transmitido por água ou alimentos contaminados e não pode propagar-se casualmente no ambiente de trabalho.
Após a infecção pelo vírus da hepatite B (VHB), segue-se um período de incubação que vai de 40 a 180 dias (fase aguda). Após esse tempo, boa parte dos indivíduos infectados apresenta quadro clínico inicial inespecífico, caracterizado por anorexia, fraqueza, mal-estar, dores abdominais, intolerância alimentar, náuseas e vômitos. Artralgia, artrites e exantemas também podem surgir, mas a febre não é comum.
Cerca de 40% dos indivíduos apresentam icterícia e colúria (urina escura) de intensidades variadas, associadas a acolia fecal (fezes brancas ou muito claras), prurido cutâneo e manifestações dispépticas, podendo prolongar-se por várias semanas. Um quadro com tais características levanta fortemente a suspeita de algum tipo de hepatite; porém, mais de 50% dos indivíduos infectados seguem com os sinais e sintomas inespecíficos sem a presença de icterícia, com a infecção evoluindo de forma silenciosa.
A fase crônica da infecção pelo vírus da hepatite tem início quando, após o sexto mês da infecção, sinais da presença do vírus ainda são detectados no soro, com evidência de processo inflamatório no tecido hepático. O vírus segue em multiplicação hepática, causando cirrose hepática ou hepatocarcinoma de forma silenciosa.
GRUPO DE RISCO
São considerados grupos de maior risco para a infecção pelo vírus da Hepatite B:
- pessoas infectadas pelo HIV;
- homens que fazem sexo com homens;
- usuários de drogas injetáveis ilícitas que compartilham agulhas e ou seringas, cachimbos (crack) ou canudos para inalação de cocaína;
- profissionais de saúde;
- indivíduos em hemodiálise;
- receptores de múltiplas transfusões de sangue ou que fizeram politransfusão;
- filhos de mães HBsAg positivas;
- vítimas de abuso sexual;
- vítimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente suspeito de infecção por VHB;
- pessoas com convívio domiciliar contínuo com indivíduos portadores de VHB.
PREVENÇÃO
As vacinas de hepatite B são compostas pelo antígeno do vírus (HBsAg) recombinante, produzido pela levedura Saccharomyces cerevisae. A eficácia da vacina hepatite B é muito boa. Três doses da vacina induzem a proteção em mais de 95% dos lactentes, crianças e adolescentes e em mais de 90% dos jovens e adultos sadios. A eficácia diminui com a idade, ficando entre 65 e 75% nos indivíduos acima de 50 anos.
ESQUEMA VACINAL
A SBIm recomenda a vacinação universal, inclusive de maiores de 60 anos. Crianças, adolescentes, adultos e idosos não previamente vacinados devem receber três doses da vacina, seguindo o esquema 0, 1, 6 meses (intervalo de um mês entre a primeira dose e a segunda, e de cinco meses entre a segunda e a terceira, e um mínimo de seis meses entre a primeira e a terceira dose). A vacina combinada A+B (720UI VHA + 20mg HBsAg) também pode ser utilizada na vacinação de crianças maiores de 1 ano, com indicação das vacinas hepatites A e B e os seguintes esquemas de doses:
Para menores de 16 anos: administrar a vacina hepatites A e B adulto/pediátrica no esquema de duas doses, com intervalo de 6 a 12 meses entre elas (esquema 0 – 6 a 12 meses).
Para maiores de 16 anos: administrar a vacina hepatites A e B adulto/pediátrica no esquema de três doses, com intervalo de um mês entre a primeira dose e a segunda e de 6 a 12 meses entre a primeira e a terceira dose.
