Serviço Público x Clínica Privada – Qual a diferença?
Tem sido frequente o questionamento sobre “aonde vacinar o meu filho? A vacina oferecida nos postos de saúde é igual à vacina das clínicas particulares?”
Os sistemas público e privado se completam, a ideia é somar esforços no intuito de proteger o indivíduo e a comunidade à qual ele pertence.
Cabe ao sistema público vacinar o indivíduo com foco na saúde coletiva.
Cabe ao sistema privado vacinar o indivíduo com foco na proteção individual, contra todas as doenças preveníveis por vacinas, utilizando produtos licenciados, por vezes mais modernos e oferecendo mais conforto e segurança.
As vacinas de ambas são seguras e protegem a saúde do bebê e criança, contudo há benefícios na rede privada. Apesar de ambas terem ótima qualidade e garantirem a proteção do seu bebê, algumas vacinas oferecidas na rede pública são diferentes daquelas existentes na rede privada. Saiba quais são essas diferenças e entenda como isso afeta a saúde do seu filho.
Algumas vacinas importantes não são aplicadas na rede pública, embora sejam testadas, aprovadas e recomendadas pelas sociedades médicas.
Outras, apresentam uma geração mais moderna, podendo ser aplicadas combinadas com outras vacinas reduzindo o número de injeções, além de algumas delas serem mais purificadas, com menor possibilidade de eventos adversos.
Nas clínicas privadas geralmente não se usa frascos multidoses, apenas dose individual, o que diminui a manipulação da vacina a ser injetada, diminuindo assim a possibilidade do erro humano.
Tríplice bacteriana DTPa e tríplice bacteriana DTPW
As vacinas tríplices bacterianas protegem o bebê contra difteria, coqueluche e tétano. Na rede pública está disponível a DTPw que é feita a partir de células inteiras da bactéria. Já na rede privada existe a versão DTPa que é acelular, ou seja, não é feita com as células inteiras, mas sim com proteínas. “Ela é uma vacina mais purificada, só contém o que realmente é necessário para proteger o ser humano e por isso as chances de ocorrerem eventos adversos são menos frequentes e intensas”.
Caso seu bebê tenha tomado uma dose da DTPw, que é oferecida na rede pública, e tenha apresentado febre alta por um tempo prolongado e outras reações adversas é recomendado passar a oferecer a DTPa. “Quem começou com uma pode completar o esquema com a mesma ou com a outra (são cinco doses em 2, 4, 6, 15 meses e 4 a 6 anos). Mas a proteção oferecida pelas duas vacinas é adequada contra a difteria, tétano e coqueluche, desde que seguindo os esquemas vacinais propostos”.
Vacina hexavalente
É uma vacina que combina 6 componentes em uma única injeção: Salk (pólio inativada), tríplice acelular (difteria, tétano e coqueluche), Haemophylus influenzae e hepatite B. Esta vacina está disponível somente nas clínicas particulares e pode ser utilizada aos 2 e 6 meses de vida do bebê.
Hepatite B
Aplicada nas clínicas particulares combinada com a DTPa + Haemophylus influenzae + Polio (vacina Hexavalente), diminui o número de injeções na criança.
Vacina pentavalente
É uma vacina que combina 5 componentes em uma única injeção: Salk (pólio inativada), tríplice acelular (difteria, tétano e coqueluche) e haemophylus influenzae. Esta vacina está disponível somente nas clínicas particulares e pode ser utilizada aos 4 meses de vida do bebê e no 1º reforço, aplicado geralmente com 15 meses de vida.
No sistema público usa-se a vacina tríplice (difteria, tétano e coqueluche) produzida com célula inteira da Bordetella pertussis (DTPw), uma vacina que causa alto índice de reações adversas. Nas clínicas privadas só existe a DTPa, vacina acelular. Nesta vacina o componente da coqueluche é produzido por engenharia genética, não se usa o capside da bactéria. Resultado: incidência menor de reações adversas.
Poliomielite
Nas clínicas particulares só se usa Polio Inativada, aplicada na mesma seringa que a DTPa. Esta vacina confere alta proteção e risco zero de causar a PPV – poliomielite pós-vacinal – um raríssimo efeito colateral da vacina Sabin.
Vacina Haemophilus influenzae tipo b e seus reforços
Haemophiluis influenzae tipo B é uma bactéria que pode causar uma série de doenças infecciosas com complicações graves, como: pneumonia, dor de ouvido, inflamação na epiglote, meningite, inflamação nas articulações, entre outros.
A vacina contra esta bactéria está disponível tanto na rede pública quanto na privada, com a diferença de que na rede privada há uma dose a mais. “O esquema padrão inicial dessa vacina é de 4 doses, que seriam 3 mais o reforço. Contudo, quando o Ministério da Saúde adotou essa vacina, a imunização em massa permitiu reduzir a circulação da bactéria e quando ela é praticamente eliminada, três doses são o suficiente. Dar a quarta dose é mais um cuidado extremo do que uma necessidade”.
Vacina Rotavírus monovalente e vacina rotavírus pentavalente
A vacina de rotavírus é uma vacina de vírus vivo, oral. Ela pode ser monovalente, que protege apenas contra um sorotipo de rotavírus, mas oferece proteção cruzada contra outro sorotipo e é dada em duas doses. A vacina rotavírus monovalente é oferecida na rede pública.
A outra opção é a vacina pentavalente, que está presente na rede privada. Ela oferece imunidade contra 5 sorotipos diferentes de rotavírus, oferece 98% de eficácia na proteção contra as formas graves de infecção por rotavírus. Seu esquema é de três doses. Em comparação com a vacina monovalente contra rotavírus, disponível na rede pública, observou-se na vacina pentavalente, através de estudos bem documentados, uma proteção adicional ao sorotipo G2, uma vez que a vacina monovalente, apesar de ser composta apenas pelo sorotipo G1 e oferecer proteção cruzada contra outros sorotipos, tem baixa proteção contra o sorotipo G2, contemplado na vacina pentavalente.
Bebês que iniciam a vacinação com uma determinada vacina devem idealmente terminar o esquema vacinal com o mesmo produto. “Mas, na falta do mesmo produto, a vacinação não deve ser interrompida e a vacina que estiver disponível deverá ser administrada. Caso uma das doses tenha sido da vacina pentavalente, o total de três doses deverá ser realizado. E é importante ter atenção aos intervalos e datas limite para a aplicação dessas vacinas”. Assim, a vacina pentavalente oferece uma proteção mais ampla.
Pneumococos
Vacina pneumocócica conjugada 10 e vacina pneumocócica conjugada 13
As vacinas pneumocócicas conjugadas protegem as crianças das doenças causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, como pneumonia, meningite e otite média aguda. A vacina pneumocócica conjugada (VPC 10), que está presente na rede pública, protege contra 10 subtipos de pneumococos. Já a vacina pneumocócica conjugada (VPC 13) irá proteger contra 13 subtipos de pneumococos. “Os principais pneumococos estão presentes na VPC10, mas a VPC13 irá proteger contra mais três subtipos, fazendo com que ela seja uma opção interessante”. Dois dos sorotipos presentes apenas na VPC13, apresentam uma resistência maior a antibióticos (sorotipos 3, 6A e 19A) que podem necessitar de maiores cuidados e a utilização de antimicrobianos mais específicos e por consequência aumentam o valor financeiro dos tratamentos.
Crianças com esquema completo de VPC10 podem se beneficiar com uma dose adicional de VPC13 com o objetivo de ampliar a proteção em crianças de até 5 anos, respeitando o intervalo mínimo de dois meses da última dose”.
Pneumocócica conjugada 13-valente (VPC13)
A vacina pneumocócica conjugada 13-valente protege contra os 13 sorotipos da bactéria pneumococo, causadora da meningite, otite e pneumonia, que mais atingem as crianças em todo o mundo. E também protege contra os tipos mais prevalentes no Brasil. A vacina inclui os sorotipos 4, 6B, 9V, 14, 18C, 19F e 23F (já presentes na 7-valente) e mais 6 sorotipos (1,3,5,6A,7F e 19A). Esses seis novos sorotipos presentes na vacina Pneumocócica conjugada 13-valente são frequentemente associados com maiores casos de reincidência e também de doença invasiva. “Esta vacina tem potencial de cobertura de 92% da doença pneumocócica invasiva em crianças menores cinco anos”. “A proteína utilizada nesta vacina, CRM 197, tem mais de 20 anos de história e é a única usada com segurança em milhões de crianças em todo o mundo”.
ANVISA amplia prevenção da pneumonia:
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a aplicação da vacina pneumocócica conjugada 13 valente em adultos acima de 50 anos para prevenir a pneumonia.
Pneumocócica Polissacarídica 23 v (VPP23)
Foi a primeira a ser desenvolvida e protege contra 23 tipos da bactéria. É indicada para todos os indivíduos acima de 65 anos e para indivíduos maiores de dois anos de idade que apresentem alguma doença de base, como doenças cardiovasculares ou pulmonares, diabetes, cirrose hepática, insuficiência renal, pacientes com deficiência de imunidade (HIV positivos, indivíduos em tratamento quimioterápico ou em uso de imunossupressores). Não é eficiente para menores de dois anos e necessita de reforços a cada cinco anos. Tem raros efeitos adversos, podendo ocorrer dor local, com edema e inchaço e, mais raramente, febre após a aplicação.
Meningite Meningocócica conjugada C, Meningocócica B e Meningocócica conjugada ACWY
Vacinas Meningocócicas conjugadas:
Sempre que possível, preferir a vacina MenACWY, inclusive para os reforços de crianças previamente vacinadas com MenC. Crianças com vacinação completa com a vacina MenC podem se beneficiar com uma dose adicional de MenACWY, a qualquer momento. No Brasil, para crianças a partir dos 2 meses de idade, estão licenciadas duas vacinas: MenC e MenACWY-CRM. A vacina MenACWY-TT está licenciada a partir de 1 ano de idade.
O esquema de doses varia com a vacina utilizada. MenC: duas doses, aos 3 e 5 meses de idade e reforço entre 12-15 meses. Iniciando após 1 ano de idade: dose única. MenACWY-CRM: três doses aos 3, 5 e 7 meses de idade e reforço entre 12-15 meses. Iniciando entre 7 e 23 meses de idade: 2 doses, sendo que a segunda dose deve ser obrigatoriamente aplicada após a idade de 1 ano (mínimo 2 meses de intervalo). Iniciando após os 24 meses de idade: dose única.
MenACWY- -TT: dose única a partir dos 12 meses de idade.
Em virtude da rápida redução dos títulos de anticorpos protetores, reforços são necessários: entre quatro e cinco anos após a última dose recebida depois dos 12 meses de idade, e na adolescência.
Recomendações SBIm
Esquema de doses para a rotina de vacinação contra a doença meningocócica em crianças:
- 3 meses: Meningocócica C conjugada ou Meningocócica ACWY conjugada e Meningocócica B;
- 5 meses: Meningocócica C conjugada ou Meningocócica ACWY conjugada e Meningocócica B;
- 7 meses: Meningocócica ACWY conjugada e Meningocócica B;
- 12 a 15 meses: Meningocócica conjugada ACWY (ou Meningocócica C conjugada) e Meningocócica B.
A vacinação deve iniciar-se o mais precocemente, visto o risco da doença no primeiro ano de vida. Lactentes, crianças e adolescentes ainda não vacinados devem iniciar a vacinação com MenB assim que possível, respeitando-se o número de doses do esquema primário e os intervalos mínimos para cada faixa etária.
No serviço público, hoje temos apenas a vacina Meningocócica C conjugada, em 3 doses aos 3 meses, 5 meses e reforço com 12 a 15 meses.
Vacina influenza
Na rede pública a vacina influenza, que protege contra a gripe, só é oferecida até os 5 anos de idade, idosos acima de 60 anos, gestantes, puérperas, trabalhadores da área da saúde, presidiários e trabalhadores do sistema carcerários e doentes crônicos. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda que todos sejam vacinados anualmente contra a influenza, independente da idade. “No Brasil não conseguimos doses para toda a população, por isso é preciso ter prioridades, como as crianças até 5 anos de idade”. Contudo, na rede privada é possível tomar esta vacina, sem pertencer aos grupos de risco. A partir de 2015 a rede privada oferece a vacina influenza tetravalente que amplia a proteção contra a gripe, utilizando 4 cepas da gripe H1N1, H3N2, Yamagata e Victoria.
Vacina contra a hepatite A
A rede pública vacina as crianças contra a hepatite A com um ano de idade. “Contudo a rede privada segue a recomendação da SBIm e seis meses após esta primeira dose, aplica uma segunda”. Uma única dose desta vacina garante proteção até os 10 anos, mas não há certeza quanto a vida adulta. A segunda dose irá garantir a imunidade contra a hepatite A também na vida adulta.
Vacina varicela
A vacina varicela irá proteger as crianças contra a catapora. Contudo, a rede pública oferece apenas uma dose dela. “Isto não é o suficiente para prevenir a doença, apenas para evitar que a pessoa contraia versões mais graves dela. Na rede privada são oferecidas duas doses, sendo que a segunda irá de fato proteger contra a doença”.
Uma outra diferença significativa, é que as clínicas privadas, geralmente utilizam frascos de vacinas para aplicação em dose única, não há manipulação para diluição de amostra, tudo já está pronto, que torna o uso exclusivo para aquele paciente, além de não conter nenhum tipo de conservante na amostra.
Prevenir é tudo!!!
Vacina é para todos!!!
A vacinação é considerada pela OMS uma das maiores conquista da humanidade!
Os brasileiros adultos não se dão conta de que sua cartela de vacinas deve ser atualizada periodicamente e que muitas vacinas não estavam disponíveis há alguns anos, o que leva à necessidade não só dos reforços, mas de atualização das imunizações do adulto com o que há disponível hoje.
Cabe ao médico a responsabilidade de prescrição da vacina para adultos e crianças. E é sua obrigação informar o paciente sobre qualquer recurso disponível para a manutenção da sua saúde.
AVISO À POPULAÇÃO – VACINAS EM CLÍNICAS PARTICULARES
Devido à:
1- Necessidade de disciplinar o funcionamento dos estabelecimentos privados que exercem atividades de vacinação, garantindo a segurança e mesmo a efetividade das vacinas; 2- Necessidade de se exercer, por parte do Sistema Único de Saúde, maior controle sobre os dados de vacinações realizadas no âmbito do setor privado em todo o país, a ANVISA publicou no ano 2000 (portanto, há mais de dez anos), a Portaria que exige o licenciamento obrigatório para realizar-se vacinação em estabelecimentos privados. “Portaria Conjunta Anvisa/Funasa nº 01, de 2 de agosto de 2000”.
Nenhuma clínica, hospital, farmácia ou empresa pode aplicar ou atestar a vacinação sem essa licença específica. Infelizmente, mesmo sendo proibida também a venda de vacinas pelos distribuidores a consultórios, indústrias e assemelhados, a prática de vacinação à margem da legislação vigente ainda é muito frequente.
Esses locais, como funcionam sem licenciamento, não são fiscalizados pela Vigilância Sanitária, não estão acreditados pela coordenações de imunizações municipais e, portanto, não enviam os relatórios das condições de armazenamento e nem fornecem dados sobre os vacinados e a vacinação que realizam.
As vacinas aplicadas nesses locais não são reconhecidas legalmente. Portanto, antes de se vacinar, verifique junto à Vigilância Sanitária de sua cidade se o local possui licença para aplicar vacinas, segundo a legislação vigente no Brasil.
Vacinação é assunto sério!
Garanta a saúde de sua família!

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